floral I



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A Industrialização na Zona Envolvente do Palácio do Freixo (1850-1930)1

Sob este título, as finalistas da licenciatura de História da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, no ano lectivo 2004-2005, Dras Alexandra Castro, Elisabete Botelho e Vânia Azevedo, que também realizaram estágio pedagógico na Escola E.B. 2/3 de Valbom, apresentaram o trabalho de investigação de que haviam sido incumbidas em conclusão da referida licenciatura.

Referindo a história  da Quinta do Freixo, em que Jerónimo de Távora, em 1750, incumbiu Nicolau Nasoni de construir uma “residência de Verão” que é o Palácio do Freixo, o subcapítulo 2.1. descreve as sucessivas transmissões de propriedade verificadas até ao precedente industrial introduzido naquela quinta, que adquiriu em 1850, por António Afonso Velado, opulento comerciante da praça do Porto enriquecido no Brasil e feito barão do Freixo (1865) e visconde do mesmo título (1870). 
Assim “logo que o monopólio estatal sobre as saboarias foi abolido, em 1858, iniciou a construção de uma moderna fábrica a vapor – a “Fábrica de Sabões e Sabonetes do Freixo”, da Companhia de Saboarias do Porto” – fábrica que estava encerrada em 1874, era demolida em 1881 por ser cortada pelo ramal do caminho de ferro à Alfândega e reconstruída noutra localização em 1882, perdendo-se desde aí o seu rasto.
 Após a separação do Visconde e Viscondessa do Freixo, em 1875, esta vendeu a quinta a Gustavo Nicolau Alexander Peters, em 1880, estando já aí instalada uma segunda unidade fabril (de destilação de cereais), também à altura vendida. 
A cronologia correspondente a estes eventos e a ausência de referências à primeira fábrica de sabão leva a crer, como o trabalho refere, que esta estivesse numa parte da propriedade não outorgada à Viscondessa na partilha de bens.
Peters instala-se no Palácio do Freixo, explora a fábrica de destilação de cereais e, face ao precedente industrial, à atracção resultante da chegada do caminho de ferro ao Porto (1877) e à criação da estação de Campanhã, inicia o loteamento da quinta em 1885, vendendo a fábrica de destilação e moagem de cereais a José Maria Rodrigues Formigal que a destina exclusivamente à produção de farinhas sob a designação de “A Favorita”.

No que toca ao estabelecimento industrial da CUF naquela área, o subcapítulo 2.3. estabelece a sequência cronológica que, com a devida vénia às Autoras do trabalho, seguidamente se sintetiza:


1888 — Prosseguindo o desmembramento da Quinta do Freixo, Gustavo Nicolau Alexander Peters, vende (para fins industriais) um lote de terreno da Quinta do Freixo à firma Monteiro, Santos & Companhia, que pretendia montar no local a “fabrica de stearina e sabão denominada Douro”


1888-1890 — Construção dos edifícios e dotação de equipamentos


1890 — A firma Monteiro, Santos & Companhia vende “a referida fabrica com todas as caldeiras, machinas, materias primas e todos os pertences da mesma fabrica” à Companhia Fabril Douro, que prossegue o fabrico de estearina.



1894 — A Companhia Aliança Fabril (CAF) arremata em praça pública a Companhia Fabril Douro, que mantém a produção de estearina e inicia a produção de sabões.



1896/1897 — A CAF decide encerrar a “deficitária fábrica entretanto criada no Porto”, procurando expandir nas suas instalações de Lisboa a sua produção e comercialização.


1898 — Pela fusão da CUF com a CAF, promovida por Alfredo da Silva, a CUF adquire os activos e passivos da CAF.


1902 — Comprova-se, por escritura, que “fica inscripta definitivamente em favor da Companhia União Fabril […] a transmissão da propriedade situada no logar do Freixo, freguezia de Campanha […], propriedade que […] foi adquirida por compra à Companhia Alliança Fabril, sociedade anonyma de responsabilidade limitada, em liquidação.”


1910-1911 — Confirma-se, por deliberações da administração da CUF, requerimentos para obras e deslocações ao Porto de Alfredo da Silva, a intenção de reactivar a Fábrica do Freixo, introduzindo-lhe alterações de fundo.


1911 — Em Setembro, a Fábrica do Freixo reinicia a laboração com produção de sabão e óleos vegetais.


1912 — Registam-se, nas actas do conselho de administração da CUF, diversos problemas com os moldes de sabão, que terão sido resolvidos.


1912-1919 — Uma série de pedidos de licenças demonstram que a fábrica estava a desenvolver-se, justificando os correspondentes investimentos em infra-estruturas.


1929 — A CUF requer [documento inserto no apêndice documental] a ampliação dos seus armazéns do lugar de Monchique, Porto, ampliando o antigo convento sito entre a Rua de Sobre o Douro e a Rua da Alfândega, para o armazenamento de sabões enviados de Lisboa e aumento de existências favorecido pela excelente produtividade da Fábrica do Freixo.


1929-1960 — Diversas remodelações, em datas que não são precisas mas que são evidentes numa planta datada de 1960.


1967 — Embora o trabalho descrito tivesse como horizonte o ano de 1930, nele se refere, justificadamente, o contrato de exploração de estabelecimento comercial neste ano firmado entre a CUF e a FLORAL – Sociedade de Perfumarias e Produtos Químicos, Lda., tornada esta associada da CUF e incidindo o contrato sobre a parte fabril das instalações do Freixo.


1987 — A FLORAL propõe-se adquirir o estabelecimento do Freixo.


1989 — Escritura de venda, pela CUF à FLORAL, da Fábrica do Freixo.

Ainda segundo o referido trabalho, no seu Capítulo III, as instalações da “Fábrica  do Freixo”, hoje desactivadas, terão sido posteriormente vendidas à Câmara Municipal do Porto, integrando-se no ponto de interrogação do “que futuro?”


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